Comissões do TRE-DF iniciam série de lives
O primeiro debate já está disponível no site e nas redes sociais do órgão, para assisti-lo, confira o link na matéria.
Nessa terça-feira (23), o TRE-DF transmitiu a primeira live em seu perfil do Instagram. A iniciativa, proposta pela Comissão de Ética e pela Comissão de Participação Institucional Feminina da Justiça Eleitoral do Distrito Federal, ambas da referida instituição, tem como objetivo reforçar o compromisso da Justiça Eleitoral em promover ética, a igualdade de gênero e a democracia além do voto.
A primeira edição teve como temática o assédio sexual no ambiente de trabalho e foi conduzida pela jornalista Karen Fontenele, que entrevistou a psicóloga Arielle Sagrillo.Acompanharam a transmissão o desembargador Francisco Amaral, o presidente do Colégio Permanente dos Juristas da Justiça Eleitoral (COPEJE) e ex-desembargador do TRE-DF, Telson Ferreira, além de gestores, servidores do órgão, psicólogos e seguidores do perfil no Instagram.O debate, iniciado às 20h, teve como principais tópicos de discussão assédio sexual e hierarquia, distinções entre perversidade e patologia, impacto na saúde do assediado e o papel das organizações no combate ao assédio sexual.
Após apresentar o currículo da convidada, Karen Fontenele destacou: “Quando falamos em assédio sexual, devemos pensar em três instâncias que são independentes entre si: administrativa, penal e cível”. Depois de fazer um breve panorama sobre a abordagem das três esferas, a jornalista acentuou: “Embora esse não seja o foco da discussão, esse é um ponto de partida, uma vez que nosso objetivo, hoje, é pensar o assédio sexual lato sensu, que não se restringe à questão hierárquica”.
Sobre essa diferenciação na Psicologia, Arielle Sagrillo pontuou, “há uma desigualdade de poderes que não está escrita na legislação, mas que a gente, da Psicologia, se vale para fazer essa discussão para além do que está delimitado como hierárquico, numa lógica de organograma institucional.”
Em seguida ao debate acerca de homens também sofrerem assédio sexual, as participantes levantaram aspectos como validação, consentimento e o mito de que “o homem não podem se conter”. Sobre essa relação na psicologia, Arielle afirmou: “Historicamente nós aprendemos a nos comportar de determinadas maneiras pelo simples fato de sermos mulheres ou homens. Eu sempre falo que, antes mesmo de nascermos, já estão nos ensinando o que fazer, do quê gostar. Quando vamos ao ambiente de trabalho, essas expectativas de como devemos nos comportar comparecem também. O que percebemos é que nesses espaços, as pessoas tendem a adotar comportamentos relacionados a esses padrões numa tentativa quase que de sobrevivência.”
Ao final da entrevista, ao falarem sobre o papel as organizações no combate ao assédio sexual, Arielle Sagrillo: “Não há como performar no trabalho se eu estou adoecido física ou mentalmente. Então o assédio acaba impedindo pessoas de progredirem em suas carreiras, porque eu tenho um comprometimento da performance, do exercício pleno de suas funções. Então, no fim das contas, eu estou falando também de prejuízo para a empresa.” Karen Fontenele destacou que esse impacto negativo nas organizações não abrange apenas empresas privadas, mas também alcança instituições públicas: “O gestor tem que pensar, pelo menos no seguinte: se eu não tenho a consciência plena de que isso causará adoecimento e que isso é um crime, no mínimo deve atentar-se ao fato de que aquele trabalho que seria executado recairá sobre a equipe e afetará a nossa razão maior de existir, que é o cidadão.”
Para assistir ao debate na íntegra, clique aqui.
Sobre as participantes
Arielle Sagrillo Scarpati é bacharel em Psicologia pela Universidade de Vila Velha (UVV), mestre em Psicologia Social pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), doutora em Psicologia Forense pela University of Kent (Canterbury, Reino Unido) e pós-doutora pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente trabalha com consultorias de empresas públicas e privadas e supervisiona profissionais da Psicologia e do Direito que atendem casos de violência doméstica, familiar e sexual. Possui experiência de atuação nas áreas social e jurídica, pesquisando principalmente os seguintes temas: violência (sexual, contra a mulher, contra crianças e adolescentes), direitos humanos, gênero, masculinidade e honra.
Karen Pacheco Fontenele é integrante da Assessoria de Comunicação do TRE-DF e membro da Comissão de Participação Institucional Feminina da Justiça Eleitoral do Distrito Federal. Bacharel em Jornalismo e em Comunicação Organizacional, a entrevistadora é aluna especial do doutorado em Comunicação Social, especialista em Gestão Pública e pesquisadora do Grupo Comunicação, Gênero e Sociabilidade na Universidade de Brasília (UnB).