Desembargador Luciano Vasconcellos participa de live sobre Acessibilidade no Judiciário promovida pelo TREDF
Confira os principais pontos abordados durante o debate.
Nesta quarta-feira (12), o TREDF transmitiu a live “Acessibilidade no Judiciário” no perfil oficial da Corte no Instagram (@tredfoficial). Na ocasião, o Presidente da Comissão Permanente de Acessibilidade e Inclusão (CPAI), Desembargador Francisco Amaral, e o Assessor de Comunicação do TREDF, Fernando Velloso, conversaram com o Desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) Luciano Vasconcellos. Acompanharam o evento autoridades, servidores, advogados e o público da Corte nas redes sociais. Entre os presentes estiveram o Desembargador Telson Ferreira, o Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência da OAB-DF, Bruno Henrique de Lima Faria, o Professor Dr. João Gualberto Vasconcellos e o Diretor-geral do TREDF, Guilherme Valadares.
O Presidente da CPAI, Desembargador Francisco Amaral, iniciou a live agradecendo aos dirigentes da Corte e apresentando o entrevistado. Em seguida, destacou os números relativos à acessibilidade e inclusão no Distrito Federal, e reforçou: “Nossa comissão vem trabalhando para cumprir as metas e implementar as diretrizes no âmbito deste Tribunal Regional. Quero registrar também que, além de todas as ações que desenvolvemos desde a instituição da nossa comissão com o objetivo de ampliar a acessibilidade aos nossos servidores e jurisdicionados, anunciamos uma novidade: estamos em processo de contratação do serviço de intérprete de libras para os eventos realizados pelo TRE-DF.”
Quando perguntado sobre as principais barreiras e dificuldades enfrentadas durante a sua trajetória profissional, o Desembargador do TJDFT Luciano Vasconcellos respondeu: “Eu tive paralisia infantil aos três anos de idade, menino em Cachoeiro de Itapemirim. Então eu costumo dizer, parece um paradoxo, mas se você comparar com outros portadores de necessidades especiais, foi um pouco mais fácil para mim o enfrentamento da vida, porque eu já comecei tendo que enfrentar. Acho que é muito mais difícil, muito doloroso, quem tem que enfrentar aos 30, 40 anos de idade. E tenho, nisso aí, sempre um agradecimento permanente e que jamais devo esquecer, à forma como os meus pais e meus irmãos enfrentaram. Nunca foi, na minha vida, uma tragédia. Tive paralisia e o que fizeram: vamos viver assim no que for possível viver. Então eu acho que essa primeira visão de vida me tem uma importância fundamental.”
Sobre a visibilidade das pessoas com deficiência, o Desembargador Luciano Vasconcellos pontuou: “Nós não somos vistos não por que as pessoas não queiram nos ver, mas é que elas não têm o olhar treinado. (...) Só depois que se convive com quem tem a deficiência é que se percebe. Antes, não. É estranho, não nos diz nada. Se eu pudesse comparar, é como a Covid. Quando começou na China, era muito distante de nós para termos uma percepção da realidade. Quando chega, percebemos, pois envolve parentes, amigos, etc. A deficiência é mais ou menos assim também”.
Em seguida, o Assessor Fernando Velloso perguntou o que o entrevistado acredita que ainda precisa ser feito ainda pela Justiça do Distrito Federal para aumentar o índice de acessibilidade para os jurisdicionados da capital. O magistrado respondeu: “Em termos de tratamento, acho que avançamos muitos anos-luz. O que acho que nós temos é a dificuldade – e você como gestor público sabe – é a questão da dificuldade dos fóruns, de ter rampas. E que esbarra naquele problema da falta orçamento. Mas eu diria que já avançamos muito em termos de mentalidade e temos que avançar em termos de estrutura.”
O presidente da CPAI, Desembargador Francisco Amaral, aproveitou a ocasião para pontuar os avanços trazidos pela comissão na ampliação da acessibilidade no Distrito Federal: “Eu fiquei muito feliz em saber que, no âmbito do nosso tribunal está praticamente todo adaptado para os deficientes. Faltando uma coisinha ou outra, mas já em fase de término.”
Ao final, Fernando Velloso perguntou se o entrevistado acredita que pode ser feito para ampliar a representatividade política dos deficientes: “Todos nós contamos nos dedos e sempre lembraremos quais são os parlamentares que estão por ali. Não são tantos assim. Acho que há algumas dificuldades para um deficiente físico. Nós sabemos que a atividade política exige, além de outras coisas, um vigor físico muito grande. Acredito que isso impede um pouco. Acho, ainda, que há um desconhecimento do que se é capaz e do que não se é. Mas acho que esse é um problema muito maior de concepção nacional, de mentalidade.”
A transmissão completa pode ser acessada em nosso perfil no YouTube.